Reflexões

Dançando com as folhas do Outono

Eu não me lembro exatamente quando comecei a reparar nas estações do ano. Sei que com a mudança para o interior as coisas ficaram mais visíveis. O nascer do sol amarelado no verão, as folhas das árvores caindo e deixando o jardim sujo, não importa quantas vezes a gente já tenha varrido. O vento gelado no rosto, ainda que em um dia ensolarado e os brotos aparecendo na nossa romãzeira. Sim, aqui é mais fácil perceber as fases.

Mas me lembro de estar no escritório, na casa dos meus pais e, durante uma grande tempestade de março, me dar um clique e cantarolar para o meu pai, o quanto aquela música, aquela mesma, da tal da Elis fazia sentido. Não é que era mesmo “as águas de março fechando o verão… a promessa de vida no teu coração”. Lembro de ter sentido essa potência.

E agora, Outono. Tenho falado tanto sobre isso com os meninos. Desde o ano passado, decidi que faríamos atividades específicas para celebrar esses pequenos marcos da natureza – as estações do ano. E foi em uma pesquisa sobre o que faríamos, que me deparei com uma frase de um autor desconhecido, que me trouxe um sentimento tão bom.

Seja como as folhas de outono, e de vez em quando, se liberte para dançar pelo vento. Bem-vindo novo ciclo da natureza.

Novo ciclo, folhas voando, cores mudando. Oportunidade de deixar ir. De preparar o terreno para algo novo. Mas sem esquecer de respeitar o tempo para que isso aconteça de forma leve, natural.

É engraçado o quanto perdemos por não observar as coisas ao nosso redor. É triste ver o quanto os detalhes se escorrem e passam despercebidos.

Talvez o Outono tenha chegado para trazer os respiros. O tal do movimento. O ritmo. Faz tempo que quero voltar aos meus textos, mas tem sido tão difícil. E está aí uma coisa que eu genuinamente gosto de fazer. Sem nenhuma humildade, eu gosto tanto de escrever quanto ler os meus textos. É para mim. E para mais ninguém (claro que, diferente dos que estão nos meus diários, esses tem a grande oportunidade de estarem “disponíveis”, mas ainda assim, não há exigência, necessidade e nem cobrança sobre eles).

Então, é isso. Voltamos. Eu e eles. Os textos, as reflexões. A dedicação.

Na esperança de manter frequência. Ainda que seja espaçada. Como o ritmo que não é constante das folhas caindo, da árvore se despindo. Da dança do Outono.

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