Reflexões

Luzes de Natal

Tem algo sobre as luzes de natal que eu não consigo exatamente explicar. É um brilho diferente, uma potência única. Que o mundo está cheio de pessoas que não se encantam por elas; eu sei, mas que tem também uma imensidão de gente que consegue sentir o coração acelerar e tudo ficar mais quentinho ao ver aqueles reflexos, ah, isso eu também tenho certeza.

A cada vez que “a melhor época do ano chega” eu me ponho a refletir o porquê que eu gosto tanto dela. Sigo sem ter explicações tão óbvias, mas esse ano eu pude perceber que tem algo que se destaca. É o fato de ser intencional.

Mas como assim, eu acabei de dizer que é inexplicável e ao mesmo tempo digo ser intencional?! Um tanto complexo, mas acredito que por saber o efeito tão delicioso que o natal tem em mim, minhas ações em relação a ele são completamente intencionais. Eu quero sentir isso. Quero prolongar essa emoção, essa vibração tão única (está aí um dos motivos de eu ter decidido que arrumamos a árvore já em meados de Outubro).

Eu quero criar memórias com as crianças. Seja ao montar a árvore, fazer os biscoitinhos e lembrancinhas de natal, montar o calendário do advento ou me divertir com o Elfo aparecendo em cada lugar diferente pela manhã. Eu faço tudo isso com muita presença, muita intenção.

Me dei conta de que essa é mais uma das coisas da lista do que me faz bem: uma vez ao ano me entregar de corpo e alma à estação. Curtir músicas natalinas, mesmo com a certeza que bem provavelmente o vendedor da loja ou supermercado que tem a melhor playlist natalina já possa estar um pouco saturado do modo repeat. Bolar lembrancinhas de natal que a gente possa fazer com as nossas mãos e ainda assim serem bonitas ou gostosas. Acrescentar algum item para a nossa decoração.

Acredito que, assim como diversas situações, as memórias de natal das pessoas variam entre as mais gostosas e divertidas e as noites sem graça onde nada diferente acontecia. Eu não precisei ressignificar esse momento. Me lembro muito bem do quanto celebrávamos juntos. Na casa da minha tia avó Zeca, cada um levava um prato de comida (sempre mantendo a tradição de ter o bacalhau daquela família portuguesa e o sorvetão da minha avó), eu e meus primos ficávamos felizes demais com nossas brincadeiras e presentes – sem contar a alta dose de açúcar ingerido – e voltávamos para casa com a certeza de mais um natal especial.

Depois que ela faleceu, continuamos juntando a família na casa da minha avó e eu ainda tinha espaço para ler um poema de natal (sim, fazia todo mundo parar antes do jantar para ler esse poema – coisa que minha mãe adora me lembrar) e, mesmo após ter perdido minha avó, minha mãe fez questão de manter a celebração, ainda que agora ficássemos só nós quatro. Assim, passamos a comemorar com o outro lado da família, mas o capricho na decoração, nos pratos delicioso e na oração de boas vindas à Jesus que meu pai sempre fez, foram mantidos.

E é isso que quero continuar para os meus filhos. Algumas tradições ainda estão aqui, não mais o poema e nem sempre o sorvetão, mas o bacalhau e a oração seguem firmes, agora acompanhadas da chegada do Papai Noel e uma torta de banana.

Desejo um feliz e abençoado natal! Que seja uma noite iluminada de sorrisos e das melhores memórias!

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